SAÚDE CRÔNICA: Mudar pode ser bom, mas é preciso coragem

Durante toda a minha vida, pelo menos desde que me lembro, ouvi a dona Kelli (minha mãe) falar que nossa língua é viva. E não estou falando dessa língua que temos dentro da boca, não. Estou me referindo a nossa fala, aos sons que fazemos formando palavras em português. Mas o que a dona Kelli queria dizer sobre isso? Bem, minha mãe se formou em letras e durante um tempo deu aulas de português, então sempre que eu tinha qualquer dúvida sobre essa “matéria”, ela ajudava e depois explicava que a língua é viva porque se adapta às pessoas que falam esse idioma. Ao longo dos anos, das décadas, dos séculos, a cada vez que um grupo de pessoas cria uma gíria, uma nova palavra ou deixa de usar alguma, elas estão modificando a língua, adaptando às suas necessidades e isso torna a língua viva.

E assim como a língua, nossa vida também passa por transformações e mudanças ao longo do tempo. Desde o nascimento até o dia em fecharemos os olhos, muitas mudanças ocorrerão independentes de gostarmos ou não. Tudo em nossa vida é sobre o tempo. Apesar de ser algo etéreo, que não podemos tocar ou ver, nós podemos sentir e perceber seus efeitos. É, também, a coisa mais importante a reger nossa vida. Tudo o que fazemos ou deixamos de fazer, tem relação direta com o tempo que temos e o que preferimos fazer com ele.

Na medida em que o tempo transcorre, mudanças acontecem. Muitas por decisões nossas, outras pelas escolhas das pessoas a nossa volta. E não se engane, está tudo relacionado. Amigos deixarão de fazer parte do nosso convívio, enquanto outros chegarão para ficar. Os filhos vão crescer, os pais vão envelhecer. Podemos mudar de gosto, de cidade, de país. Podemos deixar de acreditar ou encontrar uma nova crença, uma filosofia, adotar outro estilo de vida. É normal mudar de emprego e até mesmo de profissão. Tudo depende do que queremos fazer com nosso tempo. E não adianta se deixar levar, pois quem não escolhe, precisa se adaptar para viver com a escolha dos outros.

Mudar pode ser bom, mas é preciso coragem. Faz parte do ser humano se acomodar com as conquistas, com o dia a dia sem transformações. É fácil manter uma rotina da qual se gosta. Mas invariavelmente, isso vai mudar, pois a vida não aceita comodismos. Ela está em constante mudança e quanto mais cedo compreendermos e aceitarmos isso, mais fácil será nossa adaptação, nossa adequação ao novo. A mudança não depende apenas de nós, mas a forma como vamos encarar essa transformação é o que vai definir se ela é boa ou ruim. É como disse, certa vez, o matemático libanês Nassim Nicholas Taleb: “A incerteza é algo presente, desejável e necessário para a evolução”.

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