Raquel Dodge diz que há indícios de ação orquestrada para causar incêndios na Amazônia

Radio Agencia Nacional – Kariane Costa

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, anunciou nesta segunda-feira o lançamento de uma frente do Ministério Público pela Amazônia. A medida foi tomada após uma reunião com a participação de procuradores do norte do país em Brasília.


A procuradora explicou que será aberto um inquérito para investigar as queimadas na Amazônia. Segundo Dodge, há indícios que os incêndios foram uma ação orquestrada.


“Há suspeita de uma atuação que foi longamente cultivada para chegar nesse resultado. Há elementos que justificam a abertura de inquéritos para investigar e punir os infratores. Temos que também lembrar que esses crimes cometidos contra a floresta vão exigir emprego de recursos públicos que poderiam estar sendo aplicados em outras ações de governo. Isso também tem que ser elevado em consideração pelo Ministério Público”.


Ao deixar a reunião com Raquel Dodge, o Subprocurador Geral da República Nivio de Freitas, coordenador da Câmara de Meio Ambiente, destacou que, além do poder público, as organizações não governamentais têm papel fundamental na preservação do meio ambiente. 


“Se é uma coisa que não há indicativo de que haja envolvimento de ONGs em condutas criminosas. Pelo contrário, as ONGs normalmente atuam em colaboração com os órgãos públicos e o Estado no sentido de preservar o meio ambiente”.


O procurador da República Joel Bogo, integrante da Força-Tarefa Amazônia, que participou da reunião, disse que as queimadas são um reflexo do aumento do desmatamento ilegal. Ele afirma que há atuação de vários grupos ligados a organizações criminosas.


“São vários grupos criminosos articulados. O desmatamento ilegal de grandes proporções é praticado por agentes do crime organizado. Inclusive pela capitalização. O desmatamento custa caro. Não se desmata sem recursos. Para desmatar uma área de mil hectares, como temos identificado, o sujeito desembolsa por volta de R$ 1 milhão”.


Nesta segunda, Raquel Dodge pediu ao Supremo Tribunal Federal que parte do dinheiro do fundo da Lava Jato, resultado de um acordo da Petrobras com autoridades dos Estados Unidos, seja destinado para o combater as queimadas na Amazônia.


O dinheiro está bloqueado em uma conta na Caixa Econômica por decisão tomada em março pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.


Raquel Dodge pede que R$ 1,2 bilhão seja encaminhado ao Ministério do Meio Ambiente, sendo R$ 200 milhões para medidas de contingenciamento e R$ 1 bilhão para o financiamento de ações de proteção ambiental.


Segundo a procuradora-geral, o restante, R$ 1,3 bilhão, deve ser destinado à educação, como previsto anteriormente.

Deixe uma resposta